Como evitar coloquialismo?

Para quem escreve, um dos grandes temores é o famoso coloquialismo, que consiste, justamente, em características da linguagem falada, do colóquio. Neste texto, vamos te explicar o que é e como evitar o coloquialismo.

O que é coloquialismo?

O coloquialismo é a característica daquilo que é falado e informal e pode ser representado por palavras, estilos, construções. Dizer que um texto é coloquial não significa somente que ele traz abreviações próprias da fala, por exemplo, o uso de “cê” por “você”. A coloquialidade pode estar no tom, na escolha das palavras, na repetição de estruturas sintáticas simples ou na organização do texto.

Na fala, a linguagem é menos monitorada porque é espontânea e mais livre. Assim, não nos preocupamos tanto com a repetição e com a escolha das palavras. Nosso interlocutor está nos ouvindo e pode nos interromper para tirar suas dúvidas.

Porém, a escrita nem sempre tem esse diálogo instantâneo com o outro. Escrevemos um texto e esperamos que alguém o leia e o entenda. As dúvidas, quando surgem, são enviadas depois e pode não ser mais possível fazer os ajustes. Por isso, a escrita deve ser mais monitorada e o texto deve ser revisado antes de ser publicado.

Como evitar coloquialismo?

Para evitar o coloquialismo no seu texto, você deve se atentar aos seguintes pontos:

  • concisão: lembre-se da máxima “menos é mais” e procure identificar o significado exato das palavras para não precisar de muitas. Por exemplo, em vez de escrever “Estarei enviando”, diga “Enviarei”; em vez de “Faremos a análise”, diga “Analisaremos”. Tome cuidado também com expressões comuns na fala, mas desnecessárias na escrita, por exemplo, “e nem” (use somente “nem”), “enquanto que” (use somente “enquanto”);
  • repetição: embora seja muito comum na fala e sirva como realce, tome cuidado com a repetição no texto escrito. Evite construir todos os períodos com a mesma estrutura e na mesma ordem. Por exemplo, “a mulher que trabalha”, “o homem que estuda”, “a criança que brinca”. Nesse exemplo, além da estrutura sintática, temos a repetição do “que”, gerando um ruído na leitura.
  • precisão: na fala, é comum construírmos um contexto para explicar determinado assunto, por exemplo, “sabe aquela sensação de um buraco imenso no estômago?”. Na escrita, poderíamos substituir “aquela sensação de um buraco imenso no estômago” por “fome excessiva”. Nesse item, também podemos falar sobre pleonasmo (subir pra cima, certeza absoluta), como já abordamos em outro texto.
Fica a dica…

Uma dica para você revisar seu próprio texto e verificar se está utilizando uma linguagem coloquial é fazer a leitura em voz alta. Assim, você facilmente perceberá se seu texto parece um discurso falado ou escrito. A leitura em voz alta facilita a identificação das repetições e do tom da escrita.

QUEM ESCREVE?

Fernanda Massi é Mestra e Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara. Ela é também Pós-doutora em Linguística Aplicada pela UNICAMP. Foi professora de Leitura e Produção de Textos na UNESP/Araraquara e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).  Nesse período, orientou trabalhos de conclusão de curso (TCC) e de iniciação científica. Fernanda trabalha com revisão de texto desde o início da sua graduação em Letras (2004) e é também a responsável pela equipe de revisão da Letraria.

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