Senão ou se não?

Antes de explicar qual é a forma correta, senão ou se não, é importante dizer que ambas existem na língua portuguesa! Porém, o uso inadequado faz a gente achar que uma forma não é cabível em nenhuma hipótese. Por exemplo, o uso de “perca“, tão mal visto na comunicação, embora esteja correto.

Para começar, senão é uma única palavra e geralmente tem o sentido de oposição. Logo, são sinônimos de senão: 1) do contrário, de outro modo; 2) mas, porém; 3) com exceção de, exceto; 4) a não ser. Por exemplo, a frase abaixo traz um uso correto do “senão”:

Fale alto, senão ninguém vai ouvir!

Já a expressão se não é composta pela conjunção “se” (que indica uma condição) e o advérbio “não”, usado para modificar o sentido do verbo. Por isso, é comum que essa expressão apareça antes de um verbo. Assim, são sinônimos de se não: 1) caso não; 2) quando não. Por exemplo:

Se não falar alto, ninguém vai te ouvir!
(falar = verbo)

Repare que, nesse exemplo, é possível inserir um “você” entre o “se” e o “não”, ou seja, entre as duas palavras:

Se você não falar alto, ninguém vai te ouvir!

Como saber se o uso está correto?

Para verificar quando devemos usar “senão” ou “se não”, podemos substituir a palavra ou expressão por outra que seja sinônima. Por exemplo:

Coma, senão ficará fraco! 
Coma, do contrário, ficará fraco!

Todos riram, senão ele.
Todos riram, exceto ele.

Se não estudar, não será aprovado!
Caso não estude, não será aprovado!

Nesse último exemplo, também é possível inserir o “você” entre o “se” e o “não”:

Se você não estudar, não será aprovado!

Quando usamos se não (separado), a exclusão do “não” faz com que a frase tenha um sentido contrário. Assim, isso nos ajuda a perceber que o “não” estava modificando o verbo e não fazia parte da palavra “senão”. Por exemplo:

Se não comer, ficará fraco!
Se comer, ficará forte!

Nesse caso, não podemos trocar se não por “do contrário” (Do contrário, ficará fraco!), pois a primeira oração vai ficar incompleta: do contrário o quê?

Por fim, há outras situações em que o verbo pode estar implícito. Nesses casos, é a vírgula quem vai decidir se escrevemos senão ou se não. Por exemplo:

    Chegue cedo, se não [chegar], vai perder o lugar!
(…caso não chegue, vai perder o lugar!)

Chegue cedo, senão vai perder o lugar!
(…do contrário, vai perder o lugar!)

 

QUEM ESCREVE?

Fernanda Massi é Mestra e Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp/Araraquara. Ela é também Pós-Doutora em Linguística Aplicada pela UNICAMP. Foi professora de Leitura e Produção de Textos na Unesp/Araraquara e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Nesse período, orientou trabalhos de conclusão de curso (TCC) e de iniciação científica. Fernanda trabalha com revisão de texto desde o início da sua graduação em Letras (2004) e é também a responsável pelas revisões da Letraria.

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