Como se escreve: descriminar ou discriminar?

Como se escreve: dEscriminar ou dIscriminar? Na fala, as duas pronúncias são parecidas, mas na grafia e no significado, elas são diferentes. Vejamos o porquê.

Assim como já explicamos em outros textos aqui do blog, as duas formas estão gramaticalmente corretas! Porém, antes de optar por uma delas, entenda quando cada uma delas faz sentido e em qual contexto deve ser usada. Assim, você vai conseguir se comunicar de forma eficiente e autônoma, passando a mensagem que deseja.

A palavra “descriminar“, com “e”, é sinônimo de “descriminalizar”. Ou seja, ela se refere ao ato de “deixar de ser crime”. As duas formas (descriminar e descriminalizar) são possíveis e corretas, embora seja mais comum o uso de “descriminalizar”.

Para memorizar, podemos lembrar do uso do prefixo “des” em casos como “desclassificação”, quando um time de futebol, por exemplo, “deixa de ser classificado” após uma derrota.

Por outro lado, usa-se com bastante frequência a palavra “discriminar” (infelizmente). Essa palavra, escrita com “i”, significa “diferenciar, distinguir, colocar à parte”. Digo que infelizmente ela é comum, pois ainda vemos casos de “discriminação” de mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+… Para memorizar, podemos lembrar da semelhança com o sinônimo “diferenciar”, que também é escrito com “i”.

Vejamos alguns exemplos

A guerra às drogas pretende descriminar o uso adulto da maconha.

A professora foi punida por discriminar os alunos negros, colocando-os nas últimas carteiras

Afinal, qual é o correto: descriminar ou discriminar?

As noções de certo e errado podem ser relativas na língua portuguesa, pois é preciso considerar a mensagem que se quer passar. Se o sentido pretendido for o de “deixar de ser crime”, a palavra gramaticalmente correta é a escrita com “e”: descriminar. Porém, se o objetivo for tratar de distinção, o certo é se usar “discriminar”, com “i”.

Assim, espero que agora você saiba como se escreve: descriminar ou discriminar? 😉

QUEM ESCREVE?

Fernanda Massi é Mestra e Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara. Ela é também Pós-doutora em Linguística Aplicada pela UNICAMP. Foi professora de Leitura e Produção de Textos na UNESP/Araraquara e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Nesse período, orientou trabalhos de conclusão de curso (TCC) e de iniciação científica. Fernanda trabalha com revisão de texto desde o início da sua graduação em Letras (2004) e é também a responsável pela equipe de revisão da Letraria.

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