Quando usar hífen é uma das dúvidas mais frequentes na língua portuguesa, especialmente depois do acordo ortográfico. Porém, as regras são simples e você sempre pode recorrer ao dicionário para consultar a grafia das palavras.
Se não encontrar exatamente a palavra que procura, pode seguir a lógica de outras palavras. Por exemplo, você pode prestar atenção se o que vem antes do hífen é um prefixo ou uma palavra e se o que vem depois começa com uma letra igual ou diferente.
Vejamos a seguir os casos em que se usa hífen e aqueles em que não se usa. Veja que os números 1, 2 e 3 correspondem às regras opostas, ou seja, você pode memorizar tanto um caso quanto o outro e pensar na lógica contrária. 😉
Quando usar hífen?
1. Usa-se hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação (de, com, para…). Por exemplo: guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira (e todos os outros dias da semana), mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca…
2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. Exemplos: micro-ondas, anti-inflacionário, sub-bibliotecário, inter-regional…
Para essa regra, lembre-se que pouquíssimas palavras em português têm letras repetidas (a não ser o “r” e “s”).
3. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice. Por exemplo: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, sem-terra, vice-rei…
4. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação. Por exemplo: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre…
5. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Por exemplo: anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-homem, ultra-humano…
Quando não usar hífen?
1. Não se usa hífen nas palavras compostas que apresentam elementos de ligação (de, com, para…). Por exemplo: café com leite, fim de semana, dia a dia, sala de jantar, cão de guarda, mão de obra, cara a cara… Porém, há algumas exceções que já estão dicionárizadas dessa forma (água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa) ou outras em que se usa apóstrofo (gota-d’água, pé-d’água).
2. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Por exemplo: autoescola, antiaéreo, intermunicipal, supersônico, superinteressante, agroindustrial, aeroespacial, semicírculo…
Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram-se essas letras: minissaia, antirracismo, ultrassom, semirreta…
3. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por e. Por exemplo: preexistente, preelaborar, reescrever, reedição…
Referências
Essas dicas foram retiradas do Guia prático da nova ortografia, de Douglas Tufano, publicado pela editora Melhoramentos.
QUEM ESCREVE?
Fernanda Massi é Mestra e Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara. Ela é também Pós-doutora em Linguística Aplicada pela UNICAMP. Foi professora de Leitura e Produção de Textos na UNESP/Araraquara e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Nesse período, orientou trabalhos de conclusão de curso (TCC) e de iniciação científica. Fernanda trabalha com revisão de texto desde o início da sua graduação em Letras (2004) e é também a responsável pela equipe de revisão da Letraria.