O Exame Nacional do Ensino Médio serve de vestibular para muitas universidades brasileiras. Dentro dele, a prova de redação tem um peso extremamente relevante, que pode definir a classificação do vestibulando. Mas, você sabe como é corrigida a redação do ENEM?
Neste texto, vamos te explicar os critérios de correção da redação do Enem. Para isso, veremos os itens que se repetem em cada competência da matriz de referência. São elas: 1) norma culta; 2) tipo textual e tema; 3) coerência textual; 4) coesão textual e 5) proposta de intervenção. Em outros textos do blog, você encontrará a análise detalhada de cada competência. Aqui, falaremos da matriz de referência de uma forma geral.
Como é corrigida a redação do Enem?
A redação do Enem é corrigida por uma banca, composta por 3 a 5 avaliadores, que participam de um curso preparatório. Este curso se pauta em uma matriz de referência para a redação (disponível no edital) e em uma grade específica de correção dos textos.
Assim, os avaliadores utilizam os mesmos critérios para atribuir as notas, que vão de 0 a 200 pontos em cada competência. Recebendo 40 pontos em todos os níveis (nota máxima), o texto pode chegar à tão esperada nota mil. Porém, saiba que a nota mil é muito rara, pois exige textos impecáveis. Dificilmente, você conseguirá escrever um texto impecável nesse contexto de produção, tão específico e tenso. Portanto, não se preocupe em atingir a nota máxima, mas sim em fazer um bom texto.
Como funciona a matriz de referência para a redação do Enem?
A matriz de referência para a redação do Enem funciona como uma grade de correção. Assim, ela permite a distribuição dos textos em faixas de notas. Ou seja, cada nível tem uma pontuação e as notas são independentes em cada competência.
Portanto, o nível zero equivale a 0 pontos; o nível 1 vai de 1 a 40 pontos; o nível 2, de 41 a 80 pontos; o nível 3, de 81 a 120 pontos; o nível 4, de 121 a 160 pontos; o nível 5, de 161 a 200 pontos. Porém, o nível zero não existe na competência II, que trata de tema e gênero. Assim, quando o participante não atinge os requisitos mínimos dessa competência, o texto é anulado por “fuga ao tema” ou “fuga ao gênero”.
O que cada competência exige do participante?
As competências da matriz de referência para a redação são as seguintes:
I – Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa. |
II – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa. |
III – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. |
IV – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. |
V – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. |
Cada uma delas exige uma ação do participante, marcada pelos seguintes verbos: competência 1) demonstrar; competência 2) compreender, aplicar e desenvolver; competência 3) selecionar, relacionar, organizar e interpretar; competência 4) demonstrar e competência 5) elaborar, respeitando.
Além disso, elas avaliam questões qualitativas e quantitativas. A competência 1, por exemplo, avalia a norma culta da língua portuguesa, baseando-se na qualidade da estrutura sintática e na quantidade de erros. Por sua vez, a competência 2 avalia a qualidade da compreensão do tema e do gênero. Também a competência 3 se baseia na qualidade da coerência textual, enquanto a competência 4 se prende à quantidade e à qualidade dos conectivos usados para a coesão. Por fim, a competência 5 avalia a qualidade da proposta de intervenção e a quantidade de elementos que compõem essa proposta.
Acompanhe os próximos textos do blog para saber mais! 😉
QUEM ESCREVE?
Fernanda Massi é Mestra e Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp/Araraquara, onde foi professora substituta por dois anos. Trabalhou durante muitos anos com correção de vestibulares e do Enem, além de elaborar questões e temas de redação para diversas instituições. Fez pós-doutorado em Linguística Aplicada pela Unicamp, estudando a matriz de referência do Enem. A partir daí, ministrou várias edições do curso “A redação (além) do Enem” e publicou o livro de mesmo nome.