A palavra empatia tem sido muito citada, mas pouco praticada. Por que será que isso ocorre?
Nesse texto, vamos falar sobre empatia do ponto de vista linguístico, ou seja, o significado dessa palavra e os sentidos que ela mobiliza. Para começar, vamos buscar o significado de empatia. O dicionário é sempre um bom guia para compreender, conhecer e aprender novas palavras.
Segundo o dicionário Houaiss da Língua portuguesa, empatia é a “capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende etc.”. Vale lembrar que “apreender” aqui está sendo usado no sentido de “apreensão”, “compreensão”. Ou seja, não estamos falando de “aprendizado”, que é do verbo “aprender” (com um “e” apenas). 😉
Essa definição faz a gente lembrar de um velho ditado popular: “Faça pelo outro aquilo que você gostaria que ele fizesse por você“. Porém, poderíamos pensar em uma adaptação desse ditado mais adequada ao sentido de “empatia”: “Faça pelo outro aquilo que ele gostaria que você fizesse por ele“.
Muitas vezes, fazer pelo outro o que queremos significa que continuaremos pensando em nós mesmos e na solução que queríamos para nós, caso aquele problema fosse nosso. Será que isso não seria egoísmo em vez de empatia?
Vamos a um exemplo bem simples e cotidiano. Se uma amiga me diz que está com muita vontade de comer um doce, eu posso perguntar qual doce ela gostaria de comer naquele momento. Ou então, posso simplesmente comprar um brigadeiro (que é o meu doce preferido) e dar para ela. Embora comprar o brigadeiro seja um gesto delicado e gentil, ela pode odiar brigadeiro, pode ter alergia a chocolate, pode ter trauma de brigadeiro e não se sentir feliz com a minha atitude.
Então, como praticar a empatia?
A questão da empatia é um pouco mais complexa do que o “se colocar no lugar do outro”, porque é muito difícil adivinhar qual é esse lugar. É preciso ocupar o lugar do outro assumindo seus papéis, sua personalidade, suas virtudes, seus medos, sua coragem, seus sentimentos, suas vontades… Como diria Leonardo Boff, “Todo ponto de vista é a vista de um ponto”; logo, é a partir daquele ponto que eu vejo e compreendo o mundo. Isso não significa que o meu ponto de vista seja o melhor, o ideal ou o único, apenas que ele é meu. Ou seja, não é porque a minha vontade de doce se resume a comer um brigadeiro, que todas as pessoas têm esse mesmo desejo.
É por conta dessa complexidade que a empatia precisa ser praticada todos os dias! Para praticar a empatia, é preciso ouvir o outro. Devido ao instinto de sobrevivência do ser humano, estamos muito mais habituados a pensar em nós mesmos de forma única e exclusiva. Não que isso seja errado, mas, já que “não somos uma ilha”, nossa vivência no mundo implica a vivência de muitas outras pessoas e a convivência ao lado delas.
Que tal começarmos a praticar a empatia?